Os ‘punk rockers’ do Sul da Califórnia estão trazendo a “diversão” de volta ao rock nesse verão com sua turnê de reunião. Tom DeLonge, Mark Hoppus e Travis Barker estão oficialmente de volta. É uma ocasião importante para muitas das pessoas de vinte-e-poucos anos que se perguntavam “What’s My Age Again?” enquanto assistiam American Pie em 1999. Existem muitos deles também! Eles estarão enchendo avenidas para ver o Blink-182 arrebentar o verão inteiro, e não há dúvidas que os melhores de San Diego irão fazer sua parte.
De várias formas, Blink-182 é a banda Americana perfeita. Suas músicas são contagiantes, rápidas, hilárias e pronas pra festa. Qual é a melhor cura para os problemas dos EUA nesse momento? Nada, de fato.
O vocalista e guitarrista Tom DeLonge conversou com o ARTISTdirect.com nessa entrevista exclusiva sobre a volta do Blink, a turnê de verão e o futuro.
Vocês estão prontos pra cair na estrada?
Eu acho… eu não estou com as malas (risos).
Como é estar de volta com o Blink-182?
É incrível. É como se eu estivesse viajando. Estou completamente animado pelo tamanho da turnê. Nós estamos fazendo para 30,000 pessoas em múltiplas cidades; é insano.
Blink-182 realmente eternizou um período crucial na vida de muitos fãs. Vocês terão fãs que têm lá pelos 20 anos nos shows que adoravam vocês no colégio. Isso os deixa animados?
Sim. Talvez eles estarão levando seus irmãos mais novos ou algo assim também. Não parece que a banda esteve presente nas radios durante esses anos (Risos). Acho que será demais, e eu espero que os fãs tenham o que eles estão procurando. Eu estarei lá pra ver se eles são bons também. (Risos)
O que vocês planejam dar para eles?
Eu acho que será a maior quantidade de produção de rock com a maior quantidade de palavões misturadas em uma linda sopa.
Então é como se George Carlin se encontrasse com Iron Maiden?
Sim! Essa é uma ótima maneira de lidar com isso (Risos). Eu acho.
O que os motivou a voltar juntos e cair na estrada?
Eu acho que não é segredo que após o acidente do Travis a banda estava preparada para deixar toda merda que nós tivemos de lado rapidamente. É inevitável que as conversas sejam tipo, “O que vocês irão fazer? Vocês irão gravar novamente?” Nenhum de nós teve objeções quanto a isso. Eu estou no meio das gravações de um álbum do Angels & Airwaves e finalizando o filme que eu estive fazendo por três anos, então eu tenho várias outras coisas pra fazer também. Os outros caras estão produzindo. Travis está tocando com DJ AM . Eu acho que todos nós dissemos, “Bem, talvez nós pudéssemos fazer uma turnê?” Depois todos os agentes e empresários animaram-se e BUM, nós temos a maior turnê da nossa carreira. De tão lentos que estávamos, e os outros estavam correndo, aqui estamos. Pegos de surpresa. Eu acho que será uma experiência eletrizante para os fãs. Será uma turnê brilhante.
Quando vocês voltaram pela primeira vez na sala de ensaio a química rolou instantâneamente?
Nós não começamos tocando logo de cara. Nós começamos saindo e só depois nós começamos a juntar as idéias de estúdio para estúdio. De qualquer forma, rolou! Temos um senso de humor rude que nunca foi embora. Tivemos várias conversas no começo, óbviamente sobre como nós chegamos até onde estamos agora e quem somos. Também falamos sobre os anos passados. Foi um pouco embaraçoso no começo, mas não foi uma grande coisa considerando o que o Travis passou. Nós fomos capazes de colocar toda essa merda de lado muito rápido, realmente.
Vocês cresceram juntos e têm um vínculo que você não poderiam nunca quebrar.
É exatamente como isso é. Coisas que são altamente inevitáveis machucam as bandas. Quando você cresce, se casa e tem filhos, suas prioridades são encaminhadas à sua família, sabe? Não é simplesmente você e seus amigos viajando em uma van, fazendo o que vocês querem e deixando a cidade na manhã seguinte. Uma vez que você tem famílias envolvidas, as coisas mudam. Você tem que fazer todos os planos e manter o controle para proteger esse elemento da sua vida. Eu acho que é isso que começa a puxar as bandas e faz as coisas ficarem mais difíceis para prosseguir. Com o Blink, nós gastamos tantos anos juntos que isso foi definitivamente muita história. Essa turnê é como se estivéssemos revivendo os bons momentos – nos quais foram vários.
Você sente que vocês estão diferentes como homens e músicos agora? Qual é o consenso geral?
Sim, nós estamos diferentes. Mark está produzindo bastante bandas, na maioria da cena que nós viemos. Travis esteve fazendo todas essas coisas do hip-hop, produzindo e fazendo colaborações. Deus, com o Angels & Airwaves, nós produzimos nossos próprios álbuns, tem um filme em produção e nós fizemos documentários loucos e épicos. Houve muita experiência depois do Blink. Então, pra voltar nisso, é interessante. Eu me lembro de estar pensando que, de um lado nós vamos juntar todos esses elementos, e de outro, funcionará apenas do jeito que é. É engraçado porque eu penso na vez em que eu fui ver o The Police tocar. Eu estava imaginando e perguntando, “O que eles vão fazer?”. Sting estava levando todas aquelas pessoas no palco com ele e estava fazendo essas músicas loucas tipo New Age. Daí subitamente você vê o The Police tocar e eles tiveram um show épico, mas as músicas e o jeito que eles tocaram estavam muito despojados e como eles sempre foram. Acredito que isso é o que as pessoas querem ouvir. É uma pergunta muito feita, mas eu estou basicamente dizendo que nós temos muita experiência, nós mudamos muito e queremos agregar todos esses elementos, mas ao mesmo tempo, o Blink trabalha de uma maneira muito específica. Isso comigo muito bêbado falando muitos palavrões.
Sua atitude com o LiveNation com ingressos a 20 dólares é muito encorajador para os fãs também.
É, eu penso assim, de várias maneiras, o Blink foi a soma da America suburbana. A turnê terá esse senso de nostalgia. As pessoas irão por um motivo específico, e elas terão isso.
Vocês tocaram no verão de 99 para um monte de gente, e tinha uma vibe muito boa por todo canto.
Nós somos uma banda do verão. É uma das boas coisas de vir de San Diego. Nós tocávamos muito rápido. Eu cresci andando de skate minha vida inteira. Eu sei que o Travis também. Nós crescemos adorando os Descendents – outra banda de punk do Sul da Califórnia que canta sobre garotas, amigos e comida. Isso se soma com nossa carreira no colégio para um monte de gente. O legal foi que nós nunca nos levamos tão a sério. Levávamos muito a sério o que faziamos e tentávamos escrever as melhores músicas que nós pudiamos, mas nunca ficamos tão preocupados se nós estragássemos tudo. Se nós nos fudessemos alguma vez no palco, isso sempre deixaria o show melhor. Nós poderíamos tocar o show três vezes mais, às vezes no escuro pra provar que podíamos tocar. Acho que a espontaneidade foi o que realmente deu às pessoas o sentimento de que elas também poderiam fazer (Risos). Eles podiam nos ver fazendo aquilo e ficar tipo, “Meu Deus, nós podemos fazer aquilo!” É a beleza do punk rock! Foi o que U2 disse sobre os Ramones. Eles viram os Ramones tocando e disseram, “Nós podemos fazer isso também!”. Acho que é o que o Blink é.
Vocês deram aos fãs um diferente tipo de libertação. Vocês surgiram no fim do grunge e continuaram durante a era do Korn. Considerando que o Korn deu aos fãs uma catarse crua, vocês providenciaram uma diferente catarse. Foi a diversão e mais sobre festa.
Acho que essa é uma boa questão. Óbviamente todos os Nirvanas no mundo, e os Korns e Limp Bizkits existiam no momento. Contudo, Green Day e Offspring eram muito diferentes do Blink, mesmo sendo da mesma cena punk. As pessoas relacionam as três bandas. Nós somos tão diferentes. Mark é o cara do mainstream. Travis é do tipo de cara do hip hop que “cresceu-em-uma-vizinhança-má”. Eu sou muito o ‘indie rocker’ ou algo assim (Risos). Pra ser honesto, eu nem gosto muito de indie (Risos). Eu não sei como descrever porque eu ouço Arcade Fire, Mark ouve Motion City Soundtrack e o Travis ouve The Game (Risos).
Com o Blink os fãs puderam ter seu integrante favorito. Isso foi perdido durante os anos 90 porque as bandas se tornaram mais singulares em termos de identidade. Vocês três são tão diferentes.
Sim, nós realmente somos. Com o Blink todos se apegam especificamente a uma pessoa. É engraçado você dizer isso. Eu realmente cheguei à essa conclusão com o passar dos anos. Na verdade eu vi muito isso quando a banda se separou, porque houve várias pessoas cuspindo veneno em outras dependendo de qual banda elas gostavam.
Vocês são mais como uma banda de rock clássica no sentido de cada membro ser extremamente diferente, como Led Zeppelin. Eles inclusive tinham seus próprios símbolos.
É verdade, e eu concordo. Há tanta conversa hoje em dia sobre quem foi responsável pela melhor parte do Pink Floyd, qual cantor (Risos). Eu cresci ouvindo todas essas coisas. Pessoas devem perguntar, “Quem é seu integrante favorito nos Beatles?”. Blink sempre teve uma disputa saudável pelo menos em questão de escrever as músicas. Nós amamos o modo que Lennon e McCartney estavam sempre tentando empurrar um ao outro pra ser melhor. Mark e eu sempre tentamos. Eu não acho que qualquer um deveria colocar Blink e Beatles na mesma sentença, mas eu irei porque, porra, eu posso. (Risos).
Bem, vocês marcaram a geração de vários fãs, então isso faz completo sentido. Vocês são os Beatles deles.
Talvez nós somos tipo os Beatles semi-retardados pra eles (Risos). Eu vou repetir uma das frases mais legais que eu já ouvi. Pete Townshend veio para San Diego falando e fazendo um solo na frente de uma enorme audiência. Eu ouvi uma história que Pete estava falando para o público que seu filho havia pedido para ele tocar uma música do Blink. Algumas das pessoas mais velhas na platéia estavam tipo, “Não, você não entende. Pro meu filho o Blink é o The Who.” Aquilo pra mim uma validação, óbviamente. É de outro mundo. Eu realmente não acredito que alguém possa repetir aquilo, a não ser aqueles jovens, mas faz sentido. As pessoas que cresceram com a nossa banda não iriam crescer ouvindo The Who, The Beatles ou Led Zeppelin. Eles precisavam de uma banda para relatar. É assim em todas as gerações. Nós fomos a banda de rock moderna – assim como The Who foi naqueles tempos. Eu acho muito importante para os críticos não dar a minima para novas bandas porque as bandas antigas fizeram melhor. Não é essa a questão. Cada geração precisa da sua própria banda para fazer isso por elas.
Vocês têm um certo espírito que espalhou tudo. Foi um tempo que a diversão era muito importante e necessária na virada do século.
Quanto as pessoas querem isso agora? A economia está em ruínas. Nós temos várias guerras. Parece que não está melhorando. Então porque não fazemos juntos uma revolução em uma tarde? Foi por isso que eu cresci ouvindo punk rock. É por isso que “slam-dancing” é importante para as crianças. Você tem que descontar sua agressão de alguma forma. Você tem que sair e liberar. Acho que é demais de qualquer maneira que façam isso. Se eles se juntam nesses clubes de dança estranhos de LA ou vão e se esbarram em círculos com uma banda de punk rock, eles precisam se expressar.
O que vem depois dessa turnê? Vocês vão gravar um álbum ou você voltará para o Angels?
Bem, esse é o grande debate – o que fazer para encaixar tudo isso, como a turnê será e como nós vamos continuar. Agora, está tudo incrível. Nenhum de nós espera que algo possa superar isso. Há muito sucesso nessa turnê. Pra mim, o grande problema é que eu estou lançando um filme e um álbum de graça, um após o outro com o Angels. É o maior e mais massivo lançamento da minha carreira inteira e provavelmente meu maior trabalho até agora, então eu estou um pouco ocupado com isso. Mas nós estamos recebendo propostas para ser a banda principal de um dos maiores shows do mundo inteiro. Então é como, “O que nós vamos fazer? Podemos fazer isso?” não é uma coisa fácil ter duas bandas que estão se dando muito bem, então eu não sei! Eu estou aberto pra qualquer coisa. O Blink está para lançar uma música e nós começamos a trabalhar em algumas músicas incríveis. Isso vem naturalmente do Blink. A nova música é boa. Soa como o Blink, mas tem alguns elementos de Rush nela. Acredito que as pessoas vão amá-la. É como Rush, Floyd e Blink na mesma música. Isso deixará as pessoas animadas para o que vem depois. Nós apenas temos que resolver a rotina, eu acho.
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Entrevista traduzida pela equipe action182 - via http://www.action182.com
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