segunda-feira, 28 de junho de 2010

Kerrang Magazine entrevista Blink 182 - jun 2010


“É como se os últimos cinco anos nunca tivessem acontecido…”

“Após um hiato de quatro anos, os reis do pop punk, blink-182, chocaram o mundo quando anunciaram a reunião. Mas como como o trio fechou a fenda entre eles? Mark Hoppus e Tom Delonge abrem o jogo…”

Na manhã do dia 20 de setembro de 2008, Mark Hoppus acordou com a ligação de um amigo próximo. Esse amigo queria saber se Mark estava bem e se havia alguma coisa em que ele poderia ajudar. Confuso, Mark perguntou sobre o que ele estava falando.

“Meu Deus,” disse a voz do outro lado da linha, “você não sabe. Você tem que ver as notícias, Mark.” Quando fez isso, Mark gelou. Rolando pela tela da televisão estava a notícia de que seu amigo e companheiro de banda Travis Barker estava no hospital, gravemente ferido, após o acidente com o Learjet na Carolina do Sul que matou quatro. A vida do baterista ficou por um fio.

“Foi horrível, terrível,” disse Mark, relembrando aquela manhã trágica. “Não há palavras para descrever o que eu senti. Foi tão… horroroso.”

No meio da tarde, Mark estava em um avião indo para Augusta, Georgia. Naquela mesma noite ele sentou ao lado da cama de Travis, ainda em choque, ainda horrorizado com a situação.

De volta a San Diego, preparando sua banda Angels & Airwaves para uma turnê de cinco semanas pelos EUA com o Weezer, Tom Delonge “se apavorou” quando ouviu a notícia. Quando os meios de comunicação solicitaram um uma confirmação sobre a tragédia, Tom derramou seus sentimentos em uma carta ao antigo colega, deixando-o saber que estava pensando nele e rezando por ele. Depois de receber a carta, Travis chamou seu antigo amigo do hospital e os dois conversaram por um tempo. Alguns dias depois, Mark e Tom conversaram também, pela primeira vez em quase quatro anos. E enquanto isso, as feridas de Travis começavam a se curar aos poucos na cama do hospital, assim como as amarga divisão entre os três, que juntos marcaram a trilha sonora da adolescência de uma geração com o blink-182.

Quando o Blink-182 anunciou a decisão de entrar em um hiato indefinido em 22 de fevereiro de 2005, eles eram uma das bandas de pop punk de maior sucesso no mundo, tendo vendido em torno de 25 milhões de álbuns durante a carreira. Apesar do uso da palavra “hiato” e o modo que foi anunciado pela banda insinuarem a possibilidade de colaborações futuras, –“Após um hiato de quatro anos, os reis do pop punk, blink-182, chocaram o mundo quando anunciaram a reunião. Mas como como o trio fechou a fenda entre eles? Mark Hoppus e Tom Delonge abrem o jogo…” – eram poucos os que realmente acreditaram que não se tratava de uma separação definitiva: afinal de contas, os ídolos do post-hardcore At The Drive-In e Fugazi anunciaram o hiato em 2001 e 2002 respectivamente, e nenhuma delas mostrou alguma chance de voltar aos palcos.

Inicialmente, o Blink colocou abaixo a possibilidade que a separação significava uma cisma em sua longa amizade – “Eu amo esses caras, eles são meus irmãos,” Travis contou à KROQ após a separação. “Eu gostaria de esclarecer os boatos que nós nos odiamos. Isso não é verdade. Nós queremos nos divertir e depois nos reunir e escrever um novo álbum quando for a hora certa.” Mas as rachaduras logo começaram a aparecer quando chegou a hora de promover seus novos projetos, Angels & Airwaves de Tom e o +44 de Mark e Travis.

Em sua primeira grande entrevista após o Blink, Tom prometeu que em dois anos, o Angels & Airwaves seria a maior banda de rock do mundo”, e disse sobre seus antigos amigos “quando o dinheiro e a fama entraram na equação, e nós estávamos envelhecendo e tivemos filhos, acho que nós amadurecemos separadamente.” Mark respondeu dizendo, “sua natureza egoísta está destruindo tudo o que nós três, nossa equipe e todos que trabalharam com a gente trabalhamos tanto para fazer.” As esperanças de uma reunião do Blink pareciam ficar cada vez mais distantes com cada entrevista posterior.

“Será que eu ao menos previa o dia que nós iríamos nos reunir?” imagina Tom hoje, através de um telefonema enquanto o ônibus do Angels & Airwaves vai em direção a Las Vegas para o antepenúltimo show da turnê americana. “Na minha mente eu não via isso com realidade, não. Mas eu descobri que estive errado na minha vida algumas vezes com coisas que eu fico muito sentimental.”

Respondendo à mesma pergunta em casa, alguns dias depois, Mark é um pouco mais ambíguo.

“Eu nunca realmente soube,” ele admite, “pois no fim das contas, não foi minha a decisão de colocar um fim no Blink-182. E as pessoas sempre me perguntavam se o Blink iria voltar a tocar novamente, e minha resposta honesta era de que, na verdade, eu podia nos ver separados para sempre, ou voltando no dia seguinte. Isso precisava apenas dos três juntos no mesmo lugar e na mesma hora.”

“Mesmo antes do acidente do Travis, eu acho que todos nós tínhamos consciência de que nós batalhamos por todos os problemas que tivemos antes e, não só pensando sobre a banda, acho que estávamos num ponto onde queríamos colocar toda a energia negativa para trás e ao menos nos reconectar como amigos,” Mark acrescenta. “E obviamente após o acidente, nenhum dos argumentos ou sentimentos ruins de cada um foi exposto.” “Ninguém ligava sobre nenhuma outra merda que havia acontecido,” Tom concorda, “Nós só queríamos que o Travis melhorasse.”

No contexto do acidente do Travis, a primeira conversa entre Mark e Tom foi estranha. Os dois ficaram duas horas falando no telefone sobre os velhos tempos e o que transpareceu em suas vidas desde a separação.

“Apesar de todo rancor e entrevistas que um falava mal do outro, foi uma boa conversa.” Disse Mark.

Foi combinado do trio se encontrar no estúdio de Mark e Travis em 2008. Enquanto os ânimos se acalmavam, amigavelmente, nenhum deles queria tocar no assunto da banda inicialmente. Foi então que Tom, finalmente, abordou o assunto.

“Ele disse, ‘Bom, como vocês se sentiriam com a possibilidade de voltarmos a tocar juntos?’”, relembra Mark, “E eu disse que nós definitivamente deveríamos voltar com o Blink e fazer o que fazíamos desde o primeiro dia. Acho que todos tinham aquilo no coração e nós partimos dali.”

Rumores de uma possível reunião do Blink começaram a circular na internet assim que o trio anunciou em entrevistas que voltaram a se falar. Em novembro de 2008, a Kerrang! afirmou confidentemente que o trio estaria de volta como o Blink-182 novamente, e no dia 8 de fevereiro a notícia foi oficial, direto de Los Angeles. No Grammy Awards Travis anunciou “Nós costumávamos tocar música juntos, e nós vamos tocar música juntos novamente.” Na verdade, a banda já estava tocando junta novamente, colocando as idéias para funcionar no estúdio, para novas músicas do sexto álbum do Blink-182. De acordo com Mark e Tom, as sessões foram naturais e soaram muito bem – “Incrível” é a palavra que Tom usa, na verdade – mas o trio deu uma parada nas sessões no início da primavera, antes que qualquer música fosse escrita completamente.

“Fazia muito tempo que não tocávamos juntos, e nós não queríamos soar como três caras tocando individualmente,” explicou Mark, “nós queríamos soar e nos sentir como um grupo de novo.”

Uma turnê de verão com bandas como Fall Out Boy, The All-American Rejects, Panic! At The Disco and Taking Back Sunday foi uma oportunidade perfeita para o trio se ligar ainda mais, e enquanto as amizades eram restauradas, também serviu para confirmar o quanto essa banda significou para uma geração de fãs.

“O fato da banda ter ficado maior enquanto estávamos separados fundiu minha mente,” disse Tom humildemente, aumentando o tom e volume da voz. “Nossa, nós fizemos shows com 40,000 e 50,000 pessoas em algumas cidades, o que é insano. Saber que a banda ainda é apoiada dessa forma só fortaleceu nossas ambições.”

O trabalho no novo álbum de estúdio começa com garantia esta semana, nos estúdios da banda em Los Angeles e San Diego. Após a morte do produtor de longa data da banda, Jerry Finn em agosto de 2008, Mark diz que a banda irá auto-produzir o álbum, apesar da opção de trazer ajuda de fora permaneça aberta. Quando foi pedido para descrever os esboços iniciais das músicas, Tom usa as palavras “rápido”, “grandioso” e “totalmente futurista”, e Tom e Mark insistem que o tempo que passaram separados apenas reforçou suas capacidades

“Nós não vamos voltar a 1993, mas vamos tocar com o espírito e energia que as pessoas esperam do Blink-182,” disse Tom, “mas o leque de coisas que podemos fazer é muito mais extenso. Mark fez muita música com pessoas diferentes nos últimos anos, Travis sempre será o melhor baterista do planeta e eu gosto de pensar que os três álbuns do Angels & Airwaves me mostraram que minha capacidade de compor se desenvolveu também. Então agora nós sentimos que podemos fazer qualquer coisa. As pessoas vão amar o álbum.”

Antes do álbum aparecer, porém, há alguns shows principais do Blink-182 no Reading and Leeds festivals e datas na Escócia e Irlanda. Quando olham o panorama, Mark e Tom não poderiam estar mais animados.

“O fato do Travis ter que literalmente pegar um ônibus por quatro dias e depois viajar por uma semana em um navio para chegar até vocês mostra nossa dedicação e o quanto estamos animados,” comentou Mark.

“Não acredito que seremos uma das bandas principais do Reading and Leeds,” Tom riu. “É uma honra enorme. Eu demorei tanto formando o Angels & Airwaves que não está na minha cabeça que eu estou em uma banda gigante, então é bem louco. Eu estou bem animado que vocês, leitores, se importam tanto e eu acho que será divertido.”

Então, o que podemos esperar do novo Blink-182 em agosto?

“Esperem muita diversão, muitos palavrões e ótimos momentos,” Mark riu. “Em alguns aspectos, é como se os últimos cinco anos nunca tivessem acontecido,” ele acrescentou, “Mas parece mais saudável do que antes. Sempre apreciamos o que temos, mas quando você é pego nessa vida, pode perder um pouco da perspectiva. Nos separar, fazer outras coisas e depois voltar, nos faz perceber o quão incrível o Blink-182 é para nós três. E o fato das pessoas ainda dividirem esse sentimento também, faz as coisas ficarem ainda melhores.”

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Entrevista Traduzida pelo pan182 - via http://www.action182.com

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