sábado, 19 de junho de 2010

Alternative Press - edi. #252 Jul 2009


Esse depravado trio pop-punk californiano influenciou uma geração a pegar suas guitarras e baterias para compor músicas sobre suas zoeiras. Não diga que isso é apenas uma “reunião”.
Mark Hoppus em The Cure.

“Assim como o céu.” Foi assim que tudo começou para mim. Era o verão após o ensino fundamental, e minha amiga me emprestou uma fita cassete do The Cure, Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me. A primeira música que ela me fez ouvir foi “Just Like Heaven.” Essa música e esse álbum se tornaram imediatamente meus favoritos. Ele definitivamente tinha alguma das melhores músicas alternativo-pop jamais escritas. Eu entrei na onda The Cure a partir daquele momento. Suas musicas se tornaram a trilha sonora da minha vida, e eu comecei de trás para frente, comprando todos seus álbuns anteriores, importações raras, posters, livros, singles de 12 polegadas (alguém se lembra deles?) e tudo mais que eu conseguia colocar as minhas mãos.

Eu até comecei a me vestir como o Robert Smith, indo longe o suficiente para usar lápis de olho e ocasionalmente um batom vermelho brilhante nas minhas aulas no ensino médio. (isso tudo correu bem com os professores e funcionários da pequena e deserta cidade na qual eu cresci.) E mesmo depois de perder o lápis de olho e o batom há muito tempo, o cabelo ridículo ficou, assim como a influencia do The Cure nas minhas composições. Suas melodias, letras, as estruturas da música.. Todas essas influências ainda se encontram muito próximas de cada música que eu escrevo. The Cure foi a banda que me fez aprender a tocar baixo.

Eu ficava no meu quarto todos os dias ouvindo os cds e tocando junto com as músicas. Na noite que Disintegration foi lançada em 1989, eu fiquei na fila da loja esperando para ser um dos primeiros a ouvir ele. Eu sempre ficava deprimido, seu álbum Pornography ainda é o meu favorito para me dedicar à minha tristeza. Pulando para dias mais recentes. Nós estávamos trabalhando no cd sem titulo do Blink-182 e tínhamos uma música “All Of This,” nós achamos que o Robert Smith ficaria ótimo nela. Nós ligamos para algumas pessoas, e para nossa surpresa, ele quis fazer parte dela. Ela acabou sendo uma das melhores músicas de todo o álbum. Meses depois, nós fomos convidados para fazer um cover de “A Letter To Elise” para o MTV Icon: The Cure em 2004. Nessa noite, eu finalmente consegui conhecer meus heróis. Eles foram super legais, do jeito que você espera que os seus heróis sejam quando você os vê pessoalmente. A melhor parte de toda essa história aconteceu na ultima turnê européia do Blink-182 em 2004. Em um dos shows em Londres, Robert Smith subiu no palco e cantou “All Of This,” e depois para o bis, nós fizemos o cover de “Boys Don’t Cry.” De escutar The Cure dentro do meu quarto no deserto, até dividir o palco em Londres: Incrível.

Quando se trata de ter um valor inestimável de influência, Blink-182 pode muito bem ser a versão punk dos Beatles. Agora, após quatro anos de hiatus, Travis Barker, Tom Delonge e Mark Hoppus estão cuidando de alguns assuntos inacabados e preparando-se para uma turnê de final de verão, bem como um novo álbum.

Situado na Chandler Boulevard no norte de Hollydwood, um indescritível prédio coberto por altos arbustos em frente do Los Angeles Soccer Club. Sem nenhuma placa por fora, é fácil passar por ele e não perceber que o prédio é o OPERA MUSIC, o estúdio de gravação de propriedade de Mark Hoppus e Travis barker, 2 terços da recém constituída realeza do pop-punk Blink-182. No entanto, hoje é um pouco diferente: o edifício está rodeado por luxuosos SVUs, um Mercedes prata e um Cadillac vintage branco, conversível, com seu interior tunado e com uma placa parecida com a do filme Miami Vice. Muito para passar despercebido.

Após a AlternativePress tocar a campainha, o engenheiro do estúdio, Chris Holmes, nos convida para entrar. A antiga bateria preta de Barker está montada no canto de uma sala de espera. Usando uma blusa preta com um emblema de um F azul e vermelho (o logo da empresa de Barker Famous Stars and Straps), Hoppus, 37 anos, está sentado em um sofá preto, pronto para conversar sobre o retorno de sua banda. “nós realmente pensamos nisso como uma continuação, não como uma reunião” ele começa. “porque ‘reunião’ tem uma vibração estranha, e não é assim que nós sentimos sobre o que estamos fazendo, sabe? Isso é uma continuação. Nós definitivamente tínhamos uma banda acabando e demos um tempo para tentar organizar as coisas e então voltarmos a tocar de uma maneira positiva.”

Menos de um ano atrás, a idéia de uma reunião do Blink-182 parecia impossível. Depois de uma carreira de 13 anos, o trio – baixista/vocalista Hoppus, baterista e guitarrista/vocalista Tom DeLonge – se dissolveu abruptamente no dia 22 de fevereiro de 2005, como resultado de brigas constantes e desconfiança, e uma aparentemente interminável turnê marcada. Dentro de meses, Delonge e o time Hoppus e Barker tiveram novos projetos, Angels and Airwaves e (+44), respectivamente. Todos os três membros concordaram que não tinham nenhum tipo de competição entre as duas novas bandas, mas outros não estavam tão certos.
“Foi interessante, para nós, descobrir o quão deprimido Travis e Mark ficaram quando o Tom saiu” diz Shawn Harris, da banda The Matches, que gravou três musicas com Hoppus em 2006 e abriu os shows da turnê do (+44) mais tarde nesse mesmo ano. “eles estavam realmente machucados naquela época, e eu acho que isso transpareceu muito no álbum do (+44). Talvez tivesse uma colherzinha de vingança no (+44).”

Isso era esperado, já que Hoppus e DeLonge não eram somente colegas de banda, e sim melhores amigos por quase 15 anos. Imagine seu pior término de namoro, junte com a separação de grandes relações de negócios (Hoppus e Delonge eram sócios na Atticus Clothing e Macbeth Footwear; agora nenhum está mais envolvido com a primeira, e somente Delonge está envolvido com a última) e depois multiplique até que a calculadora quebre. Não é nenhuma surpresa que o (+44) tenha lançado seu primeiro single “No, It isn’t” – com o refrão “This isn’t Just goodbye/This is I can’t stand you” (isso não é somente um adeus/ isso é um eu não entendo você) – no aniversário de Delonge, ou aqueles primeiros pedaços de entrevistas sobre o Angels and Airwaves, nas quais Delonge dizia “Eu não gostaria de ser Mark e Travis quando esse cd sair.”( Delonge diz que foi mal interpretado e que estava sob o efeito de medicação forte durante essa entrevista.)

“[Tom] cortando todas as relações e falando com a banda através de nosso empresário foi realmente muito, muito difícil de engolir, pessoalmente, porque nós éramos amigos por tanto tempo,” Hoppus diz. “isso realmente me perturbou por um longo tempo.”

Seus pensamentos sobre o AVA são similares. “eu acho, honestamente, que no Angels & Airwaves faltava alguma coisa.” Ele diz, arrumando seu topete com as duas mãos, revelando pequenas tatuagens do nome de sua esposa e filho, um em cada pulso. “Por mais criativo e ambicioso que o tom seja, eu sinto que, como um fã dos nossos tipos de composição (estilos), no Angels & Airwaves faltava o que eu e o travis colocávamos na mesa. E eu acho que em de muitas maneiras, no +44 faltava o que o tom poderia trazer.”

No fim das contas Hoppus ouviu ao AVA; Barker diz que ele ainda tem que ouvir os álbuns completos. (“Eu ouvi os singles, [mas] Eu não estava ouvindo aquele tipo de música, então isso não, simplesmente, passou por mim,” o baterista admite mais tarde no mesmo dia.) Enquanto o tempo passa, Mark se acalmou, até que no meio de setembro de 2008, Hoppus planejou ligar para Tom subitamente. “eu estava conversando com minha gravadora: Eles queriam um cd solo. Eu estava pronto para isso, separando as músicas e tudo mais” Hoppus diz. “eu queria ligar para o Tom e convidá-lo para tocar guitarra em uma das faixas, e dizer “Cara, vamos fazer como em Beverly Hills, 90210 (seriado americano) e acabar com isso. Eu estou fazendo um cd. Eu quero que você venha tocar guitarra nele.”

Essa ligação nunca foi feita. Em vez disso, uma semana depois, dia 19 de setembro de 2008, Barker se envolveu em um terrível acidente de avião na Carolina do Sul, esse acidente matou quatro das seis pessoas a bordo. Somente Barker e seu amigo e parceiro musical Adam “DJ AM” Goldstein conseguiram escapar, cobertos de queimaduras de segundo e terceiro grau. Barker ficou hospitalizado por mais ou menos um mês no centro de queimados em Augusta, Georgia. Uma investigação do governo foi iniciada para tentar descobrir a causa do acidente, ainda está sob investigação, mas de acordo com os registros da caixa preta, um pneu estourado causou o acidente na pista. Com um processos pendentes contra a empresa de jatos particulares, a Goodyear e uma empresa de manutenção de aviões, Barker é completamente impedido de comentar os eventos daquela noite (em muitos pontos durante essa conversa o empresário de Travis, que estava sentado no chão da sala, ficou cortando algumas perguntas que fossem legalmente sensíveis.) O que ele pode dizer é que ele se entrou na hospitalização com um “pensamento positivo,” e que recusou inúmeras cirurgias, incluindo uma em seu pulso esquerdo, ele ainda toca “exatamente do jeito que eu sempre toquei.”

Sentado no mesmo lugar do sofá do estúdio onde Hoppus estava sentado mais cedo, a figura magra de Barker, em uma blusa de tamanho maior que o seu cinza e azul e com uma touca amassando seus cabelos. Ele é incrivelmente educado e reflexivo sobre os recentes eventos que aconteceram em sua vida, e acima de tudo feliz por estar vivo. Como resultado, o baterista de 33 anos de idade não parece viver no passado. “eu nunca estava por ai dizendo “Yo, Eu quero o Blink-182 junto novamente.” Diz Barker. “Você tem que estar amigo das pessoas para poder ser uma banda, e naquele momento nós não éramos amigos. Eu estava muito contente com tudo que eu estava fazendo [durante o hiato].”

Ele aponta para o pátio do estúdio, mostrando o lugar onde Hoppus falou da idéia de reunir o blink para ele e para Delonge no fim de 2008. “eu estava num tipo de cruzamento nessa época,” Barker diz. “eu ainda estava realmente me recuperando, e era simplesmente legal falar com meus amigos de novo.” Suas atitudes sobre a turnê pendente – e, em teoria, o novo álbum – parecem ser como um tipo de otimismo cauteloso.

Quando perguntamos se ele ficaria triste se Hoppus e Delonge resolvessem se reunir sem ele, ele responde casualmente “Se essa fosse uma decisão que eles quisessem fazer, eu iria fazer sem problemas. Se eles sentirem que estão no clima para turnê e eu não, ou eles queiram outra pessoa, é claro.

“Nós veremos como isso vai ser” ele continua “se a reunião for a coisa mais divertida no mundo, então nós vamos continuar fazendo.”
E se não for?
Ele começa a rir. “eu nunca faço nada que não seja divertido.”

Uma hora antes, Hoppus expressou seu entusiasmo sobre o que o futuro imediato do Blink trás. “Nós estamos fazendo uma coisa [para a turnê que está por vir] que nenhuma banda já fez antes,” ele começa. “quando você compra um ingresso de $20 isso dá a você um lugar. Vinte dólares. Sem taxas de ingresso, sem taxas de estacionamento, sem taxas de serviço, nada. Com uma nota de $20 você poderá entrar no show do Blink.” Seus olhos se abriam com o entusiasmo, chamando nossa atenção para os pés-de-galinha que estão aparecendo ao redor deles – um sinal de que, enquanto o nível de excitação de Hoppus sobre o futuro do blink seja o mesmo ou até mesmo maior do que o dos fãs, ele não é mais o adolescente que escreveu “M+M’s.” “outro dia, nós nos encontramos com produtor de designer que fez a turnê do Kanye [West], turnê do Daft Punk e trabalhou com o Nine Inch Nails. Nós realmente queremos entrar no palco e explodir a cabeça das pessoas.

Certamente, Hoppus espera grandes coisas dessa reunião. Quando é questionado sobre a possibilidade de terminarem a turnê e não tiverem a energia (ou desejo) de continuar com um cd novo, ele responde rapidamente. “Eu não acho – eu quero dizer, Eu não me sinto assim agora, [mas] fale comigo daqui a seis meses.” Ele diz. “eu realmente sinto que durante a turnê, nós estaremos fazendo checagem de som, e tocando instrumentos no backstage e soltando idéias uma atrás da outra e nós vamos sair da turnê pelo outro lado, prontos para voltar para o estúdio e gravar o próximo álbum.

“eu não sinto que tenho uma hora marcada [sobre o CD],” ele continua. “Se nós tivermos que demorar um ano para escrever o próximo álbum, nós demoraremos esse tempo. Eu não sinto pressão de lançá-lo em alguma data prevista. Queremos que ele seja o máximo, não importa o que seja ou quando tempo leve para nós”
Enquanto os fãs de blink continuaram fortes durante o hiato de anos e suas influências musicais cresciam massivamente, muitas pessoas pareciam ter esquecido de que a banda lançou um cd sem titulo em 2003, um disco bem ambicioso que mudou todo o “script” de como o Blink 182 deveria soar. Nesse momento, devem ter muitas bandas pelo mundo fazendo covers de “Dammit” ou “All The Small Things”; é muito mais difícil encontrar uma banda que faça o cover de “Stockholm Sydrome” ou “Obvious”. Mesmo que o álbum sem título tenha ganhado um cd platino, o Enema Of The State, 1999, vendeu 5 vezes mais álbuns. Adicione isso a um número gradativamente crescente de pirataria digital, a bandas relativamente novas como Fall Out Boy e a All-Americans Rejects que dizem comandar o gênero pop-punk, primeiro, teria o Blink perdido seu toque pop cultural – e questionamos, será que eles conseguirão recuperá-lo?

“Eu definitivamente quero chegar aonde o ultimo álbum chegou e ir mais longe com esse,” diz Hoppus. “Esse é tipo o porquê de nós decidirmos fazer antes uma turnê e só depois gravar o álbum, porque eu sinto que as pessoas querem sair e ver o Blink de que eles se lembram. Eles querem ouvir ‘The Rock Show.’ Eles querem ouvir ‘Stay Together For the Kids.’ Eles querem ouvir as músicas que eles conhecem.”

“Relevância, eu acho, é o que está nas nossas próprias cabeças” ele continua. “Se nós gravarmos esse novo álbum e as pessoas gostarem, então será um sucesso. Se isso vender 100,000 copias, está legal. Se uma banda jovem vier e nos explodir, eles devem provavelmente merecer isso. Nós temos que manter os pés no chão, e nós temos que agitar nessa turnê. Nós temos que chegar lá e mostrar para todos o que somos capazes. Isso está na gente.”
No dia seguinte, nós nos encontramos com a banda no lugar em que foram tiradas as fotos desta reportagem. Com musicas de Silversun Pickups, Radiohead e Death Cab For Cutie tocando no fundo vindo do notebook de alguém, todos os três membros fazendo poses juntos e falando de tudo, de afinador de baterias até a continuação de Transformers. Numa escala de conversas estranhas, essa fica em algum lugar entre conversas feitas com seu primo distante numa reunião de família e a primeira conversa entre você e a pessoa que vai dividir o quarto com você na faculdade.

Delonge dedilha a música “Float On” do Modest Mouse enquanto Barker levanta um pouco a sua blusa para coçar as costas, revelando uma pele descolorida – provavelmente um dos muitos enxertos de pele que ele recebeu depois do seu acidente. Delonge aproveita uma pausa das fotos para explicar um “pacote de estímulos” em potencial para uma piada na qual ele está trabalhando. O quarto geme. Mais tarde, enquanto as fotos continuam lá fora, ele começa a falar para ninguém em particular sobre a ascensão de uma banda da Filadélfia chamada Good Old War. Um desinteressado Hoppus corta ele: “Cara, o que aconteceu com o seu carro? Ele está todo amassado!” Delonge olha ao redor confuso. “Brincadeirinha,” Hoppus diz, indo embora.

Delonge, 33 anos de idade, ainda é o eterno caçula da banda, facilmente excitável, parecendo ter uma inimaginável reserva de energia e imaginação. Acordado desde as 5 da manhã e vestido em uma blusa Macbeth preta e com uma jaqueta verde escura, ele finalmente mostra sinais de calma depois das fotos, e senta sua esguia figura em um sofá marrom no segundo andar do estúdio fotográfico com uma água vitaminada de laranja.
Ao passo que Hoppus e Barker pós-blink se esforçaram para continuar na área relacionada à música (os dois ficaram mais envolvidos com produção musical e remixes), Delonge se tornou algo como um multifacetado empresário. Angels & Airwaves, ele explica, ainda é uma banda ativa e vai lançar seu terceiro álbum junto com o filme AVA, digitalmente no dia de natal – todo de graça. (“nós estamos tentando realmente mudar o jeito que a indústria [musical] funciona.”) Delonge também está muito envolvido com o ModLife, um site pay-per-view para bandas se comunicarem com seus fãs (ele diz que o site também irá trabalhar em breve com uma grande variedade de assuntos, artistas não relacionados à música, autores e diretores), assim como continuará trabalhando com novas oportunidades para a MacBeth. Nós nos perguntamos quanto tempo ele realmente pode dedicar para essa reunião. “Agora, não importa, o que eu esteja eu me foco no topo da minha prioridade para esse minuto,” ele diz. “Me preparar para a turnê no blink é o topo das minhas prioridades agora. Eu tenho que ter certeza que isso será o melhor que pode ser.”

“Eu quero ser capaz de experienciar essa arte nesse nível de novo,” ele continua. “É muito divertido me comunicar para todas essas pessoas do palco. Nós somos uma grande banda. Eu acho que nós três juntos temos um tipo de brilho.”

É incrível o quão rápido uma tragédia pode mudar a mente de uma pessoa. No último mês de junho, Delonge disse em uma entrevista com a AltPress.com que uma reunião do blink não o interessava, e que “ainda tinha amargura e medo… e não no meu lado do muro.” Tudo isso mudou na noite do acidente de Barker.
“eu estava entrando num avião com o Angels and Airwaves,” ele lembra. “Nós tínhamos acabado de filmar essa coisa para o One Tree Hill, na Carolina do Norte. Todos estavam entrando no avião, então a TV que estava no teto, mostrava ‘Barker sofreu um acidente de avião.’ Foi literalmente como aconteceu. Eu lembro de ter chorado durante as duas horas de vôo. Todo mundo no avião sabia quem eu era, e as aeromoças estavam vindo e falando ‘oh, sinto muito, você precisa de algo?’ Todos do avião estavam me encarando – eles sabiam quem eu era, e também sabiam o que tinha acontecido. Foi uma viagem louca.”

Nos dias seguintes, Delonge mandou um cartão e milhares de mensagens de texto para Barker no hospital, e tentou ligar para Hoppus para fazerem as pazes. De acordo com o guitarrista, depois do acidente, “tudo foi atirado pela janela. Instantaneamente, aquilo não importava mais. Nenhuma das brigas, era tudo tão insignificante e estúpido. Foi ótimo superar tudo aquilo.”
Barker e Hoppus puxaram cadeiras enquanto Delonge continuava a falar. Imediatamente o senso de humor único da banda aparece. A conversa rapidamente se vira em um jogo de tentar fazer o outro rir.

Qual foi a primeira musica que vocês tocaram juntos quando se reuniram?
HOPPUS: eu acho que a primeira música foi “Always”
DELONGE: Nós queríamos uma música que representasse o que estávamos passando “I wanna touch you.. feel you…” (Eu quero tocar você.. sentir você)
HOPPUS: [risadas] Teve uma vez no ultimo ensaio de que eu tive absoluta certeza de que o tom arruinou completamente o primeiro refrão de “I miss you.”
DELONGE: Só por estar cantando nela.
HOPPUS: porque ele cantou, e eu fiquei tipo, “oh meu deus, essa musica está morta para mim agora” [risadas] Depois da música, eu estava tipo, “Cara, você tinha que ter cantado no primeiro refrão.” E ele disse, “Não, não tem voz nessa parte”, e nós ficamos nessa. Tipo, “Não, você está errado.” “não, você é que está.” E acabou que eu estava errado. Não tem a voz principal no primeiro refrão.

A quem vocês se comparam?
DELONGE: Para mim, é como se nos fossemos o The Police dessa geração. Eu amo essa banda. E eu direi isso: Eu acho Travis melhor baterista do que Stewart Copeland.
BARKER: [balançando a cabeça.] Eu não acho nenhum pouco!
[todos riem]

Nessa hora, parece que eles estão colocando uma fita gravada com uma atitude “Olhe nós somos totalmente melhores amigos de novo.” De qualquer forma, eles não poder falsear as memórias felizes que tem enquanto olham para copias de suas capas antigas na AlternativePress, implicando com os cabelos antigos dos outros, poses “sérias” e frases memoráveis. “há! Olhe isso.” Hoppus diz, apontando para uma nota do editor em uma de suas capas na AlternativePress 155. “isso diz, ‘de acordo com Travis, a barriga florescendo de Mark é ‘uma coisa nova.’ ” O grupo parece cair cada vez mais na risada. Mesmo quando um assunto sério é trazido – o fato de que é preciso uma equipe por trás da cena para arrumar as coisas como um simples ensaio – Hoppus e Delonge não agüentaram e soltaram uma piada:
HOPPUS: Nós temos 4 empresários, 4 publicitários
DELONGE: 4 testículos…
HOPPUS: …entre os 3 de nós. E eu tenho 3 deles!
Eles dão risadas, mas a verdadeira situação é que um negócio multimilionário está começando a ser reconstruído, e tem muitas pessoas de fora da banda que vão se beneficiar do seu sucesso. “é uma hora muito importante para muitas pessoas envolvidas nisso, então todos estão querendo ajudar e ter certeza de que todos estão levando as coisas bem a sério. É uma coisa bem sólida,” Admite Delonge.

“Nossa banda se desmanchou de uma forma estranha,” Hoppus fala. “Não que nós não tenhamos confiança uns nos outros, mas nós já temos nossos sistemas de apoio no local. Assim como nós três temos que trabalhar em conjunto, nosso sistema de apoio deve trabalhar em conjunto também. É muito mais trabalho, é claro, porque não existe nenhum empresário. Esse é o jeito que as coisas estão. Eu acho que todos precisam de seus grupos de apoio. Enquanto nós estamos tentando trabalhar nossa dinâmica, nossos empresários estão tentando trabalhar a dinâmica deles.”

“Voltar com o Blink-182 não foi uma pequena decisão no ponto de vista de ninguém,” ele continua. “isso foi um compromisso de um com o outro. Foi um compromisso com nossas famílias, empresários, agentes e tudo mais. É realmente tudo sobre nossas costas para fazer o trabalho, mas nós sabíamos o que estávamos assinando.”
Com uma projeção inicial sobre um novo álbum saindo em 2010 – bem no começo – ainda não sabemos como o trio vai trabalhar junto em novo material, ou qual direção a sua criatividade vai tomar. Aqui vem uma a questão, quem vai tomar o lugar de produtor: Jerry Finn, o homem por trás de todos os CDs de Blink desde Enema Of The State, assim como os do Box Car Racer e (+44), inesperadamente faleceu em agosto do ano passado, deixando um vazio que a banda ainda não está certa de como preencher. “O que ele trouxe para a música foi uma coisa que não pode ser descrita, e é horrível não o ter aqui,” Diz Hoppus. “eu ainda sinto como se ele estivesse aqui conosco agora, porque o jeito que nós usamos para gravar e tudo mais foi o jeito que ele nos ensinou. Eu queria que ele estivesse aqui para ser parte disso.”

Mesmo todos os três membros terem colocado seus pés em produção, nenhum deles sequer considera a idéia de ficar por trás dos quadros para o novo álbum. “nós conversamos sobre isso,” Hoppus fala, “Nós queremos arranjar um produtor? Se nós quisermos um, quem vai ser? Nós queremos produzir isso nós mesmos? Nós ainda estamos bem no começo do processo, então eu acho que nós só precisamos do nosso espaço não só para nos encontrarmos musicalmente, mas para voltar para a parte de onde os integrantes banda realmente se comunicam um com o outro, para tentar chegar em um ponto onde poderemos dizer ‘Isso é horrível.’ Quero dizer, nós nunca dizemos isso, mas, você sabe, todos ainda estão muito educados agora, e nós temos que nos livrar da educação e chegar num ponto que podemos dizer tipo, ‘Hey, Eu realmente não gostei disso’; chegar num ponto onde nós conversemos sobre alguma coisa e isso não faça parecer que a banda vai se separar.”

Por enquanto, o Blink tem pelo menos uma nova música, um som meio pós-hardcore chamado “The Night The Moon Was Gone” (A noite em que a lua se foi) [O titulo alternativo de Hoppus: “The Day The Sun Said Suck It”] (o dia em que o sol disse chupe isso.), co-escrita por Delonge e Hoppus, e os dois cantam nela. “Soa muito como se ela fosse uma faixa perdida do cd sem titulo,” diz Delonge. “falando da letra, é tudo sobre como todos que tem as mesmas vontades, medos e desejos. Não importa quem você é, não importa nenhuma vantagem. No fim do dia, todos só querem chegar ao fim.”

Com uma turnê de quatro meses de agosto até outubro, que contará com a presença de Weezer e Fall Out Boy abrindo os shows em diferentes datas, a pressão de começar aparece bem antes. É duvidoso crer que todas as velhas feridas estão de cicatrizadas, mas é fácil ver que Hoppus, Delonge e Barker cresceram separados durante os últimos anos. (“nós todos concordamos em uma coisa, no Descendents,” brinca Delonge.) Por exemplo, eles acabaram de marcar alguma coisa simples como um dia de brincar para todos os seus filhos poderem se conhecer. É difícil saber se Hoppus, Delonge e Barker serão capazes de saírem juntos sem isso ter sido meticulosamente marcado com uma semana de antecedência. O eles podem nunca mais serem os melhores amigos de antes mais uma vez, mas é claro, que pelo menos eles estarão todos na mesma página em termos de relançar com sucesso o veículo que os fez conhecidos na ultima década.

“Eu não acho que nenhum de nós quer voltar na ponta dos pés para o Blink,” diz Hoppus. “nós queremos que seja como o maior tiro que nós podemos dar. Nós não temos nenhum propósito com isso. Nós fazemos isso porque amamos, e porque é divertido para nós.”

“Só existem 3 de nós, e isso é tudo de que precisamos,” Delonge completa. “Quando nós voltamos, tudo de que precisamos são esses três instrumentos. Um super trio é uma coisa difícil de ser, mas quando você é bom nisso, você poderá ser invencível.

____________________

Entrevista traduzida por Belle e Murillo via http://www.action182.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário